Estrutura bilionária do crime organiza desvendada pelas autoridades

Ilustração (Edgar Lisboa com recursos dxe IA)

O maior golpe contra o crime organizado foi dado pelo governo em atuação integrada com os estados na quinta-feira (28). A operação anunciada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, é considerada a maior da história no combate ao crime organizado. A Receita Federal revelou que o Primeiro Comando da Capital (PCC) controla pelo menos 40 fundos de investimento, com patrimônio de R$ 30 bilhões. O dinheiro abasteceu a compra de usinas de álcool, terminais portuários, centenas de imóveis e até 1.600 caminhões para transporte de combustíveis. Só uma fintech — que funcionava como banco paralelo da facção — movimentou R$ 46 bilhões sem rastreabilidade.

O combustível da lavagem

O esquema de lavagem de dinheiro ultrapassa R$ 50 bilhões e envolve cerca de mil postos de combustíveis em dez estados. Além de fraudes fiscais, o grupo também adulterava combustíveis, praticava crimes ambientais e usava empresas de fachada para disfarçar o dinheiro sujo. Foram apreendidos 192 imóveis, duas embarcações, mais de 1.500 veículos e bloqueados  21 fundos de investimento.

A resposta do Estado

A operação é fruto da integração entre Polícia Federal, Receita, Ministério da Justiça e Ministério da Fazenda. O ministro Fernando Haddad anunciou que, a partir desta semana, fintechs passarão a ser tratadas como bancos, submetidas a regras mais rígidas de fiscalização. A medida busca fechar a principal porta de entrada para o dinheiro ilícito, ampliando o uso de inteligência artificial para rastrear movimentações atípicas e acelerar futuras investigações.

Paim: firmeza e transparência

Senador Paulo Paim

O senador Paulo Paim (PT/RS) resumiu a dimensão do desafio: “Operações para combater o crime organizado, lavagem de dinheiro, fraude fiscal, entre outros crimes que desviam bilhões dos cofres públicos exigem firmeza e integração. A mobilização do governo federal, Estados e órgãos de fiscalização é fundamental para proteger a economia, a sociedade e o país. Que essa operação prossiga com transparência, rigor e êxito.”

O crime como ameaça à economia

A revelação de que uma facção criminosa comandava bilhões de reais em fundos de investimento expõe o quanto o crime organizado ameaça a própria estrutura econômica do Brasil. Mais que um problema policial, trata-se de um risco sistêmico para o mercado financeiro, para a arrecadação de impostos e para a confiança social.

Um divisor de águas

A ação contra o PCC inaugura um novo momento no enfrentamento ao crime organizado. Ao atacar a estrutura financeira da facção, o Estado mostra que não basta prender criminosos: é preciso desmantelar as engrenagens que alimentam o poder paralelo. Como defende Paim, a sociedade só estará protegida se a firmeza do combate vier acompanhada de transparência e cooperação entre instituições.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa